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domingo, 6 de dezembro de 2015

Passeando por Belo Horizonte em uma tarde esturricante do penúltimo domingo de setembro de 2012

Cidade planejada de republicanos sonhos
Que a Monarquia sepultaram em cova rasa
Como o atestam os olhares tristonhos
Do busto de Pedro diante da Casa

Da tarde, quase uma hora
Raios fortes sobre o asfalto
O sol a pino chora
E do desencanto vira arauto

Quente, muito quente
Brasa, cinzeiro, lava
Chamusca o sol no horizonte
Secura, cansaço, falta d’água

Despede-te de tuas quimeras, rapaz!
Foram-se todas embora
A neve, que em nossa janela caía assaz
Amacia lábios que te bendisseram outrora

E aqui o cerrado

Como Roma na Europa de Dante
Como Moscou nos anos 50
O palácio do Azul Mirante
É aquele que te orienta

Não sonhe, não ouse, não voe
Sem antes consultar o Azul Mirante
Não sorria, não ame, não louve
Sem ordens do palácio distante

A tarde segue incessante, traiçoeira
Chicote de fogo a nos queimar a rabeira
É a hora terceira, o relógio anuncia
Triunfa a barbárie! O amor silencia

Calçada quebrada, rachada de sol
Asfalto impávido, bonito e formoso
Cai sobre os carros macio lençol
E sobre os pedestres, roldão furioso

Edifícios, concreto, vidro espelhado
Refletem a imagem de moça e curral
Quem ousa espiar fica envergonhado
Pois vê apenas sua cara de pau

Um shopping center desponta ao longe

Oásis de ar-condicionado
Miríade de sonhos e oportunidades em aberto
Alívio imediato a quem vem cansado
Triste cilada a quem se sente incompleto

Non plus ultra, fim da História
Não há mais para onde ir
Só no Mirante Azul há vitória
Sê sempre fiel, sem transgredir

Já passa das quatro

Grito! Ouço um grito... Sarcástico e irônico
Berros de arranhar a garganta
Olhar tímido, medo crônico
Tomba-me a cabeça, não mais se levanta

Erguida em nome da res publica
Que o Império abalou de um golpe certeiro
De Cícero a Franklin se lamenta e suplica
Pois aqui a Ideia encontrou seu coveiro.

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